13 livros sobre Salvador que vão te fazer sonhar em vir para cá

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Memorial Casa do Rio Vermelho. Residência de Jorge Amado e Zélia Gattai. Foto: Fábio Marconi

Histórias que vão deixar a capital baiana para sempre no seu imaginário

Por Fernanda Slama

Boa parte das pessoas pode citar algum livro tão importante a ponto de mudar sua vida. Boas histórias contadas do jeito certo fazem o leitor se transportar para um outro lugar e até se imaginar levando a vida dos personagens.

Nossa proposta neste portal sempre foi de apresentar experiências incríveis na capital baiana, te levando para a rua. Já que estamos neste momento de isolamento social, que tal fazer de um bom livro a sua melhor programação?

Reunimos aqui 13 livros com histórias sobre Salvador que vão te fazer sonhar em vir para cá. Enquanto lê, também iremos mostrar lugares onde a cidade vai te receber em breve, quando tudo isso passar. Seu próximo passeio vai ser ainda mais rico de informações e curiosidades.

Jorge e sua Bahia fantástica

Máquina de escrever de Jorge Amado. Acervo. Casa do Rio Vermelho. Foto: Fábio Marconi

Não existe falar em Salvador e em Bahia sem falar em Jorge Amado, não é mesmo? Ele, que nasceu em Itabuna, interior da Bahia, e viveu e morreu em Salvador, escreveu como poucos sobre os costumes baianos. Jorge Amado popularizou a cultura da cidade ao redor do mundo em romances como Jubiabá, Dona Flor e Seus Dois Maridos e Tenda dos Milagres.

Nossa dica é começar sua viagem literária com a biografia “Jorge Amado: Uma Biografia”, que conta a história de um dos maiores escritores da história do Brasil, por Joselia Aguiar (Editora Todavia).

A Casa do Rio Vermelho

Casa do Rio Vermelho. Foto: Fábio Marconi

Um bom exemplo dessa união de livro versos vida real é a leitura de “A Casa do Rio Vermelho”, de Zélia Gattai, e depois, assim que for possível, ir visitar a casa onde moraram Jorge Amado e Zélia. O memorial é um encanto: arquitetura acolhedora e um jardim sensorial, numa casa que permanece epicentro cultural.

No livro, Zélia narra a saga de sua vida – que se mistura não só com a do marido Jorge Amado, mas com a aventura de toda uma geração de artistas. São histórias que acontecem não apenas na casa (no bairro do Rio Vermelho, em Salvador), mas em suas viagens, encontros com os amigos, relação com os poderosos e o povo da Bahia.

Igrejas Históricas de Salvador

Igreja do Santíssimo Sacramento do Passo. Santo Antônio Além do Carmo. Salvador, Bahia. Foto: Amanda Oliveira.

Aqui em Salvador tem tanta igreja que se costuma dizer que temos uma para cada dia do ano. Atualmente já são mais de 370 igrejas, colocando Salvador na rota turística para os devotos da fé católica. Olha que legal este roteiro.

Uma ótima sugestão para ir conhecendo de casa, é o livro “Te encontro em todos os lugares: Igrejas de Salvador da Bahia”, de José Spinola. Além de apresentar breves histórias das igrejas do século XVI da arquidiocese de Salvador, também são apresentadas fotografias panorâmicas das naves dos monumentos religiosos.

Outra excelente opção é a edição “Igrejas Históricas de Salvador”, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Atualmente, só está disponível para leitura na sede do Iphan, no Pelourinho, então segura a vontade que já, já você pode ir lá visitar.

Festas Populares da Bahia

Festa para Santa Bárbara. Foto: Fábio Marconi

As Festas Populares, as clássicas Festas de Largo, fazem parte do DNA da Bahia. A mistura sincrética entre a religião católica e o candomblé, e o equilíbrio entre o sagrado e o profano, são símbolos de baianidade. Em Salvador, as celebrações começam em dezembro, no dia 4, com a Festa de Santa Bárbara e depois vem uma atrás da outra, sendo a do Bonfim a mais conhecida.

Estas festas da Bahia, como a que acontece em homenagem a Iemanjá, em fevereiro, são temas do livro “Festas Populares da Bahia. Fé e Folia”, do jornalista Nelson Cadena.
O livro faz um registro histórico das principais festas populares, existentes e extintas, relevando as suas origens, influências e transformações. Com destaque para 24 festas da atualidade, dentre elas as do Senhor do Bonfim, Iemanjá, 2 de Julho, Boa Morte de Cachoeira, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro, Conceição da Praia, Lavagem de Itapuã, Festa de Reis e Santa Bárbara.

Carnaval multicultural

Carnaval 2019. Filhos de Gandhy. Pelourinho. Salvador Bahia. Foto: Peu Fernandes.

O Carnaval de Salvador é um mosaico de culturas e ritmos afro-brasileiros. Indicamos aqui dois livros para um entendimento amplo do assunto, desde o carnaval existente no século XIX, passando pelos primeiros blocos afros, a revolução tecnológica dos trios elétricos e o surgimento do axé music.

O primeiro, “Carnaval Ijexá”, do sociólogo Antônio Risério, fala, por exemplo, sobre a influência do batuque negro no carnaval, e que a folia baiana sempre teve algum reflexo da cultura das pessoas escravizadas como “a forma de se exibir, desfilando e cantando, que lembrava os traços das festividades nigerianas do Damurixá e do Gueledé”.

Entre conversas com Vovô do Ilê, Caetano Veloso, Moa do Katendê (que faleceu em outubro de 2018), Gilberto Gil e muitos outros nomes, Antônio Risério conta histórias sobre o Embaixada Africana, o primeiro afoxé de Salvador a desfilar em 1895, sete anos depois da abolição da escravatura, até o surgimento do bloco Olodum, além de muitas outras curiosidades pouco divulgadas.

O outro livro é “História do Carnaval da Bahia – 130 Anos do Carnaval de Salvador”, de Nelson Varón Cadena. O jornalista e pesquisador conta sobre os festejos nesta obra que fala sobre bailes de máscaras, carros alegóricos, clubes carnavalescos, trios e surgimento dos blocos e do axé music, além do papel da mídia na construção do que o carnaval representa hoje.

Depois da leitura, e quando tudo isso passar, assim que você tiver oportunidade, não deixe de visitar a Casa do Carnaval da Bahia, no Pelourinho. O primeiro museu da folia faz uma viagem visual e sensorial nos recortes temáticos da festa.

Herança cultural afrodescendente

Crédito: Os Tincoãs em reprodução de capa de disco

A trajetória do grupo que surgiu na cidade de Cachoeira, no recôncavo baiano, foi relembrada num projeto com múltiplas linguagens, reverenciando um trio vocal que marcaria a história da música afro-brasileira. Exatos 17 anos após seu fim, Os Tincoãs tiveram a obra revisitada em dezembro de 2017, sob a narrativa de Mateus Aleluia, um de seus membros e principal compositor.

O livro-memória “Nós, Os Tincoãs”, foi escrito coletivamente, com textos de Marcus Preto, Iuri Passos e Paulo Bahiano, para resgatar e preservar a história dos Tincoãs. São fotos, críticas musicais, matérias de arquivo, biografia dos seus integrantes, além de depoimentos de personalidades como o radialista Adelzon Alves, produtor musical do grupo, e de artistas que são admiradores do conjunto, como Martinho da Vila, Ana Lomelino, Criolo, Emicida e o grupo Bixiga 70.

Mateus Aleluia, um dos remanescentes do grupo, Seu Mateus para os íntimos, costuma fazer show grandioso na cidade, trazendo essa miscigenação do afro com o barroco, sustentado na cultura de diversas nações de índios que aqui existiam.

Até isso ser possível, aproveite para ouvir.

Candomblé da Barroquinha

A história do primeiro grande candomblé brasileiro é o tema do livro “O Candomblé da Barroquinha”, do antropólogo, artista plástico e designer gráfico Renato da Silveira. A obra conta o processo de constituição do primeiro terreiro baiano de Ketu.

O livro reúne pesquisas diversas, desenvolvidas ao longo de 30 anos pelo autor, que dedicou boa parte de sua vida acadêmica ao estudo das religiões africanas e da herança cultural afrodescendente.

Diáspora Africana

Salvador é a cidade mais negra fora da África, atualmente chamada de “meca negra”. Uma obra interessante para introduzir o assunto e entender com profundidade a magnitude deste título é “Fluxo e refluxo: A Diáspora Africana”, de Pierre Fatumbi Verger (Editora Corrupio), que tem como assunto o Tráfico de Escravos entre o Golfo do Benin e a Baía de Todos os Santos dos Séculos XVII a XIX.

Em suas constantes idas e vindas entre a África Ocidental e a Bahia, Verger não deixava de se encantar com as semelhanças entre os povos dos dois lados do Atlântico. Ele sempre pôde comprovar o entrelaçamento desta história.

O tema o apaixonou tanto, que Verger chegou a exercer um importante papel na renovação desses laços. Aqui e lá, organizou museus, ciceroneou pessoas, transportou mensagens, fez pesquisas. E, para compreender os motivos dessas semelhanças, estudou a fundo o tráfico de escravos e o retorno de muitos deles à África, após a abolição. Gerou, assim, esta que é uma de suas principais obras. Saiba mais neste link.

Alguns lugares representam muito bem essas conexões. Nos seus planos futuros, coloque na sua lista de visitas:

Outro excelente livro arte é “Retratos da Bahia”, também de Pierre Verger (Editora Corrupio), que virou um de seus clássicos. Nele, o autor desvenda o charme e a beleza da cidade de Salvador entre as décadas de 1940 e 1950, retratando sua arquitetura, mercado, candomblé, porto, festas populares e artistas.

A comida baiana

Museu da Gastronomia. Pelourinho, Salvador, Bahia. Foto: Amanda Oliveira.

A gastronomia baiana é cheia de traços inconfundíveis, herança africana e indígena. Quem não é da Bahia, ou nunca visitou, certamente conhece de nome vários dos pratos típicos daqui. Isso porque já apareceram em filmes e novelas, ficando no imaginário de pessoas mundo afora.

No livro “A comida baiana de Jorge Amado”, de Paloma Jorge Amado (Editora Panelinha), ela extraiu da obra do pai, Jorge Amado, tudo o que os personagens tinham falado ou pensado sobre comida. O resultado da pesquisa virou um livro de culinária. Quando na obra literária do pai, dona Flor gostava de preparar moqueca de camarão, a autora Paloma ia atrás da melhor receita de moqueca de camarão que se podia encontrar.

Tem relatos de Maria Eulina – que preparava os jantares na casa do Rio Vermelho (onde os pais moravam) –, dos dindos, Nancy e Carybé, e mesmo de dona Canô. Um livro muito interessante, mesmo para quem não sabe cozinhar.

Por enquanto, ficamos em casa – imaginando esses sabores, ou tentando cozinhar essas delícias. Mas, quando puder voltar a passear pela cidade, não deixe de ir ao Museu da Gastronomia e aprenda muito sobre a culinária local.

Joias na Bahia

Uma das belas coleções do Museu Carlos Costa Pinto. Foto: Fábio Marconi

No livro “Joias na Bahia dos séculos XVIII e XIX”, de Itamar Musse Junior, você vai se maravilhar com a beleza das joias de crioulas.
Escrito pela pesquisadora e professora de história da joalheria Ana Passos e fotos de José Terra, a obra retrata a joalheira apreciada nos salões, igrejas e ruas de Salvador nos séculos XVIII e XIX.

Entre 1740 e 1820, o Brasil foi o maior produtor mundial de ouro, diamantes e gemas coradas, o que deu origem a uma ourivesaria das mais exuberantes já criadas. O encontro de muitas culturas, em especial na Bahia, fez florescer uma ourivesaria usada por negras escravizadas e forras, que refletiam a riqueza produzida na região.

Anota na sua lista de planos futuros estes dois locais. Lá, é possível ver essas joias de perto aqui em Salvador.

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