Conheça o importante trabalho desta organização que há 190 anos dedica-se a apoiar a comunidade negra em Salvador
Instituição foi fundamental para a sobrevivência de muitos negros no pós-abolição
Primeira organização civil negra do Brasil, fundada em 16 de setembro de 1832, a Sociedade Protetora dos Desvalidos (SPD), na época chamada de Irmandade de Nossa Senhora da Soledade Amparo dos Desvalidos, foi criada com o objetivo de fazer uma junta de alforria dos negros escravizados e para prestar assistência aos sócios e seus familiares.
A sede está instalada em um prédio no Largo Cruzeiro de São Francisco, em Salvador, desde 1887. Por lá, os visitantes podem ter acesso a livros, atas, retratos e outros registros do tempo da escravidão. A organização segue com atuação ativa, atualmente, em causas sociais.
Com o lema “Fraternidade e Caridade”, a SPD surgiu para ajudar a população negra durante a escravidão, mas também atuou no pós abolição, tentando prestar auxílio na doença e na fome. A Sociedade foi fundada pelo africano Manoel Victor Serra, que se reuniu com outros homens negros, entre marceneiros, carroceiros, carregadores de água e trabalhadores de ganho, para fazer uma assembleia na Capela dos Quinze Mistérios, no Santo Antônio Além do Carmo.
A Sociedade Protetora dos Desvalidos destacou-se, dentre as irmandades negras da cidade de Salvador, por abrigar negros adeptos a outras religiões que não o catolicismo. Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel de Bragança assinou a lei Áurea, que extinguiu a escravidão no Brasil. Nessa época, a Sociedade começou também a proporcionar segurança social aos seus membros idosos ou enfermos, visto que o Brasil não possuía programas governamentais que prestassem esse tipo de auxílio.
Quando associados ficavam doentes, desempregados ou até quando familiares faleciam, a entidade estava presente para prestar apoio. O local também era um espaço de convivência entre trabalhadores negros livres, mas depois que o governo instituiu políticas públicas, a Sociedade perdeu uma boa quantidade de membros associados. A SPD conseguiu se manter viva por conta de investimentos imobiliários.
Hoje, a Sociedade tem 170 sócios ativos e sobrevive com a renda de imóveis, sendo que alguns foram herança de antigos membros. Apesar de não ser mais um órgão vital, a Sociedade ainda ajuda a comunidade negra e, em sua sede, realiza seminários, conferências e cursos profissionalizantes. O público-alvo é sempre constituído por pessoas negras de comunidades carentes.
A SPD possui uma casa de apoio a estudantes africanos e quilombolas, localizada na Ladeira do Pepino, n° 65, no Engenho Velho de Brotas, e um espaço de apoio ao empreendedor negro no Largo do São Francisco, n° 19, no Pelourinho. Além disso, a Sociedade tem uma parceria com a Rota dos Quilombos, ação que permite conhecer as comunidades quilombolas da Bahia e de outros estados, para fortalecer os laços e os ideais de irmandade. Nesses quilombos, são promovidos cursos e feiras.
Há mais de três anos, a SPD mantém uma roda de conversa terapêutica semanal, coordenada por psicólogas negras, voltada para mulheres negras em sofrimento psíquico. A Sociedade também realiza a doação de cestas básicas para famílias das periferias e comunidades quilombolas. Para mais informações sobre como participar, entre em contato pelas redes sociais ou através do telefone fixo.
Serviço
Sociedade Protetora dos Desvalidos
Endereço: Largo do Cruzeiro de São Francisco, 017 – Centro, Salvador – BA, 40026-010
Horário de funcionamento: Seg a sex – 9h às 18h
Instagram: @spd_sociedadeprotetora
Facebook: @SPDesvalidos
Telefone: (71) 3322-6913